O texto abaixo foi copiado de uma postagem do professor Riccardo Rambo e publicado com sua expressa autorização.
O fim do treinamento funcional NOS ESPORTES é o reflexo de uma aplicação prática que não foi concisa ao longo dos 15 anos do seu surgimento. E também, de uma teoria que não se sustentou no âmbito prático ou acadêmico, e nem se fortaleceu ou obteve evidências cientificas sólidas. Pergunte ou leia o que é treinamento funcional e cada autor dará uma resposta diferente. Se nem o conceito é uniforme, baseado em princípios claros e objetivos, os seus meios e métodos de treinamento também serão meramente “apanhados” do que já existe. Por isso, o “treinamento funcional” alavancou uma legião de vídeos no “Youtube” e experts na “Internet” que deterioraram o que é praticado (e sempre foi) no Treinamento Desportivo e na Educação Física.
Não pode ser um sistema porque os elementos de sua teoria, não estão interconectados formando um todo organizado. Não pode ser metodologia porque a teoria e prática não estão explicadas de forma minuciosa, detalhada rigorosa e exata. Não pode ser um método porque o objetivo aonde se quer chegar não é definido objetivamente (qualquer caminho pode chegar ao mesmo lugar) e, não existe um conjunto de passos que devam ser seguidos. Enfim, cada um pode fazer o que quiser.
Você provavelmente já leu que “tudo é funcional”. Esta afirmação é encontrada em livros, aulas e artigos e, tornou-se tão comum que não necessita de nenhum tipo de embasamento ou regras para ser afirmada. É a grande justificativa para aprovar qualquer coisa na área de treinamento. Ora, se tudo é “funcional”, qual seria a necessidade e, principalmente, qual seriam a relevância e necessidade da criação de um exercício ou forma de se exercitar “nova”? O problema não estaria na identificação das importantes necessidades da pessoa, correta aplicação dos meios e métodos de treinamento para atingir um determinado objetivo, dentro de uma estrutura e organização? Pois bem, o nome disso é Treinamento Desportivo. E a grande área que estuda e normatiza isso se chama Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo, criada e desenvolvida na Rússia (“disciplina” que não existe no Ocidente).
Dentro desta perspectiva, o “treinamento funcional” (ou seus sinônimos como “treinamento integrado” e “neuromuscular integrado”), é apenas um produto na área de fitness ocidental que copia a prática dos esportes. Um rótulo bonito e chamativo criado pelo marketing para vender treino.
Além do marketing e do comércio que o “treinamento funcional” gerou, a necessidade de um “tipo diferente de treinamento” que desse mais resultado apareceu devido a falência da Educação Física no Ocidente, com a diminuição da prática de esportes, aumento da obesidade, aumento do número de lesões e aumento da performance requerida nos esportes de alto nível. Este “tipo” de treinamento nada mais é que um “juntado” da preparação desportiva.
Na literatura que existe sobre treinamento, em 20 anos do meu próprio contato com inúmeros professores da Rússia e Brasil, nas duas vezes que estive na Rússia estudando, o que existe de mais sólido em treinamento e o que deu mais resultado em treinamento, não encontrei nenhuma característica ou referência ao “treinamento funcional”. Este termo não é nem citado na Rússia (e outros países do Leste). Porém, em cada frase do que é escrito sobre o “funcional”, as características e referências do que já era feito nos esportes aparecem abundantemente.
A própria justificativa da funcionalidade do treinamento foi originada na Rússia, na base do Treinamento Desportivo, onde para alcançar um resultado esportivo deve-se primeiro alterar a estrutura morfo-funcional no organismo humano para assegurar um nível ótimo da capacidade de trabalho do atleta. Tal premissa é baseada no Sistema Funcional (fisiologia) onde o movimento humano representa a interação entre o organismo humano e o ambiente externo e, nos Mecanismos de Trabalho (biomecânica) onde todos os movimentos são direcionados para alcançar algum propósito no ambiente. Mecanicamente, o ambiente influencia os movimentos através das forças que agem no corpo. Essas teorias dos autores Anokhin e Berstein dos anos 50 foram usadas por Yuri Verkhoshansky para a criação da concepção de Programação de Treinamento, Sistema de Treinamento em Blocos e dos princípios dos exercícios de força especial.
Escolha qualquer justificativa do “treinamento funcional” como a utilização do core ou a realização dos exercícios nos três planos de movimento e você encontrará inúmeras teorias e princípios que fundamentaram quase 100 anos de treinamento na Rússia. Por exemplo, o core foi sempre trabalhado, pois no período preparatório dentro de uma estrutura e organização de treinamento (periodização), as sinergias musculares e a preparação física geral (ambos envolvendo o conceito do core), são sempre o que primeiro é treinado por um atleta antes da especialização das capacidades físicas. A questão do trabalho nos três planos de movimento ou a correção de assimetrias aparece no treinamento de longo prazo na Rússia. A criança desde muito cedo é estimulada a participar de uma quantidade infinita de movimentos e estar sempre pronta para qualquer ação motora. Na Rússia fizeram o caminho contrário, preparar antes para que as disfunções não ocorram. Um treino de academia nunca será tão variado e rico quanto as experiências vivenciadas na prática de vários esportes. Na Rússia existem centros de prática de esportes, no Ocidente existem academias.
O “treinamento funcional” nos esportes tem o seu “nascimento” e fim na Rússia, porque não existem justificativas técnico-científica-metodol
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