O professor Fernando Fofão concedeu essa entrevista à Associação Brasileira de Academias e transcrevemos aqui a visão de um dos mais famosos professores de Educação Física do Brasil sobre o Conselho Regional de Educação Física. O professor está concorrendo, em 2012, a uma vaga de conselheiro no CREF 1. Veja aqui suas propostas para a categoria e vote consciente!
O que você acha da atual gestão do CREF?
A atual gestão do CREF possui a mesma liderança e a maioria dos componentes da primeira diretoria e componentes do 1º e 2º Conselhos formados a partir da regulamentação de 1998. A renovação foi pouca e mesmo que tenha ocorrido mudanças de nomes, o principal se manteve: as ideias, valores e condutas. Estas bastante discutíveis se são as melhores para a Educação Física. Eu fiz parte do primeiro conselho por meus méritos e pela força na minha mobilização de grande parte dos profissionais para efetuarem os primeiros registros. Esse foi um dos critérios adotados e prometidos na época pelo já então merecidamente candidato único à presidente do CONFEF Jorge Steinhilber. Muitas vezes me senti uma “ovelha negra” dentro do 1º Conselho Regional por defender posições e opiniões muitas vezes contrárias a presidência e a diretoria. Fui até submetido a um “julgamento interno”, quase sendo levado para o conselho de ética, pelo simples fato de trabalhar numa empresa que “não agradava” e incomodava aos líderes, naquela época. Os mesmos líderes que ainda comandam o CREF , mesmo sem ter mais cadeiras na mesa do conselho, seus comandos ainda ecoam e reverberam nas salas do conselho e nas cabeças dos seus seguidores.
Sendo contrário a muitas posições e decisões que na minha opinião só dividem, provocam intrigas, desuniões e privilégios, claro que não fui mais relacionado para nenhuma chapa dos conselhos que se seguiram.
Nem quero entrar no mérito de discutir pessoas e profissionais , mas sim suas ideias, condutas , posicionamentos e atitudes.
Tenho o direito de discordar, de acreditar que muito pouco foi feito efetivamente pela profissão ao longo desses anos por ser este o mesmo conselho que permanece no poder. Quantas oportunidades desperdiçadas! Nem mesmo, até hoje as fiscalizações (sua principal função em defesa da sociedade), mesmo depois de anos, conseguiram exercer o seu papel. Algumas incursões orquestradas com mídia e outros órgãos fiscalizadores causaram de vez em quando uma caça às bruxas, mas logo tudo retornou ao normal. Todos sabemos o quanto ainda temos leigos dando aulas por aí, o quanto temos de academias com anabolizantes sendo aplicados, estagiários dando aulas como mão de obra barata, tantas denúncias… Todos sabem endereços, horários, nomes e muito pouco é feito Principalmente em alguns casos e locais que misteriosamente são feitas vistas grossas. Sabe-se lá porquê. Será que o Conselho também tem seus medos? Tem vespeiros e buracos que é melhor não colocar a mão? Mas a culpa não é só do conselho. Até grandes redes dão o seu jeitinho para colocar estudantes em funções até de personal trainer e leigos em coordenação técnica. Só olham para seu umbigo, economias e comodidades. Fácil criticar sem dar o exemplo e sem denunciar. Passam a mão na cabeça porque interesses próprios, por pena, por amizade, por conivência ou cumplicidade. E os erros vão aumentado como bola de neve.
Até agora foi muito tempo perdido com brigas, questões e rixas pessoais, interesses em não perder o poder, de exercer uma liderança do medo, de boicotes, de ameaças, de cerceamento da liberdade até dos profissionais. Os que fazem parte da “tchurma” não podem escolher e exercer sua profissão nas intuições, cursos e congressos que lhes convier. Tudo tem que ser de acordo com “a cartilha”, os que não seguirem as ordens do CACIQUE serão defenestrados, colocados no limbo, queimados, boicotados ou no mínimo colocados na geladeira. Por trás existem interesses e mais interesses. Usam a defesa da profissão como fachada para outros interesses, interesses institucionais de suas empresas, cursos, congressos e defendem com unhas e dentes os seus cargos e posições em faculdades, universidades, etc…Assim como pitbulls defendem suas comidas e territórios, tão irracionais quanto.
O conselho se transformou numa tribo como um CACIQUE e seus pajés, magos, feiticeiros e discípulos seguidores, ávidos pelo poder e facilidades. Uma tribo bem provinciana por sinal, com posicionamentos até infantis de não ceder o brinquedo para mais ninguém brincar, com a atitude de uma criança mimada, egoísta e mal educada.
Minha mãe sempre me disse: “quando uma pessoa (ou instituição) ataca muitas outras, boicota, desafia, briga e diz que todos estão errados e só eles estão certos, podemos desconfiar. Algo de muito errado está acontecendo. Um conselho deveria buscar união, ouvir e aceitar outras opiniões, fazer parcerias para o bem da profissão, entendimentos, ter um espírito de time no sistema CONFEF/CREF. Se este conselho regional bate e briga com o próprio CONFEF e com tantas outras instituições, profissionais e empresas importantes para o segmento, será que eles tem mesmo razão? São os donos da verdade? Só eles estão certos?
Hora de mudar! Pelo menos tentar outro caminho… Já andamos com passos de formiga e sem vontade ao longo desses anos e não chegamos a lugar nenhum…
O que o CREF pode melhorar para a profissão?
Sinceramente acredito muito no CREF. Lutei muito e colaborei muito para a regulamentação da profissão. Já faço parte da história, fiz parte do 1º Conselho e estou aí na batalha exercendo a minha profissão que amo com honestidade e profissionalismo. O CREF ao longo destes anos já poderia ter tido um avanço significativo em muitas áreas. Convocando os profissionais para um debate muito mais amplo, sabendo ouvir posições contrárias, novas ideias, mais inserções em mídias contribuindo efetivamente para o crescimento da profissão. Quanto tempo perdido e desperdiçado com politicalhas, brigas, boicotes, ações destemperadas, factóides, discussões salariais, muitas vezes atropelando as funções de um Conselho e se confundindo com funções de sindicatos… hummm… sindicato!…. Usando massas de manobras como estudantes ainda em formação para campanhas que nada trouxeram de positivo para a profissão e seus profissionais.
Hoje, o grupo do CREF tem vários “filhotes” com nomes de fachada como um tal de MOVAPEF (um movimento criado para BATER, BOICOTAR, AMEAÇAR, muitas das vezes sem cara, sem assinaturas e de forma covarde), “CREFINHOs”(manipulando estudantes para manobras, criando cobras a dar o bote desde o seu ninho), domínios na coordenação e direções de faculdades, influência na escolha de nomes de professores para alguns cursos e congressos no Brasil, proibindo profissionais a trabalharem em eventos e cursos que não sejam realizados por eles exigindo uma tal exclusividade coerciva. Entre tantas outras ações que não deveriam fazer parte dos projetos e realizações de um Conselho. Formaram uma verdadeira PATOTA, UM CLUBINHO FECHADO, A TÃO MAL FADADA PANELA! Para entrar nela? Só se curvando, só se submetendo. Triste, pois na visão deles estão certos, pena me dá de alguns profissionais (alguns que muito prezo, admiro profissionalmente e como colegas), mas que ainda estão cegos ou buscam seus interesses e seu lugar ao sol também. Mas quem em sã consciência abandona amigos “drogados” ou no caminho errado? Ainda há chance, ainda há recuperação. Mas a Educação Física não merece isso! Lembrem que até Al Capone e sua máfia caíram… Até Eurico Miranda foi defenestrado… Existe uma luz no fim do túnel.
Qual a importância do voto e do envolvimento dos profissionais na eleição?
Essa é a questão principal. Muitos são os insatisfeitos. Muitos são os que já foram prejudicados. Outros tantos gostariam de se expressar, mas sinceramente não sei porque (embora tente entender) parecem paralisados. Com medo de um “bicho papão”!
Na maioria das vezes se calam e não se comprometem também por estarem de alguma forma envolvidos, com algo mal resolvido, com medo de serem prejudicados, boicotados, ameaçados, perderem cargos, salários, posições…. Ô gente medrosa e sem fé! Onde estão as cabeças pensantes e talentosas da Educação Física? Onde estão os nomes que podem fazer a diferença em um progresso efetivo e com valores mais nobres para a profissão? Onde se escondem? Por que se escondem? De nada adianta falar pelos cantos, fazerem fofoquinhas, intrigas, dizerem que são contra, que vão fazer e acontecer, mas na hora H… nada… Onde estão os guerreiros? Os espartanos? Onde foi parar o espírito de competição, o debate de ideias, o saber ganhar e perder, o fair play?
Precisamos amadurecer e sermos mais profissionais. Usar a política, que seja, como um instrumento legítimo e democrático. Vamos discutir ideias, valores, conceitos, sem ataques pessoais sem ficar querendo prejudicar os outros, “queimar”, boicotar perseguir, proibir… Que coisa mais PELEGA!
Todos os profissionais que exercem sua profissão com honestidade, que estão habilitados, capacitados, registrados, quites com suas anuidades, podem e devem pensar diferente e se posicionarem. Brigar pela boa causa, guerrear a boa batalha. Mostrem as suas ideias, as suas caras, com coragem, com ousadia. Caso contrário, na minha opinião, agem de forma ainda pior e covarde. E nada poderão reclamar, pois nada fizeram para mudar. Sou transparente e sincero. Me posiciono, desde sempre. Quero continuar contribuindo pela minha profissão, tenho ideais, valores, quero participar e deixar um legado. Já fiz parte do Conselho, estive lá dentro e no momento mais difícil e crucial, que foi na sua formação. Tive bons e maus momentos lá dentro. Conheço. Esta gestão e situação atual que perdura há anos, não quis mais as minhas contribuições e contrapontos logo no segundo mandato. Eu deveria incomodar por pensar diferente. Pergunto: vão me pregar os pregos na cruz por eu pensar e ter valores diferentes? Virarei um inimigo? Faço parte de uma escória? Posso ter meu direito garantido sem retaliações, sem me prejudicarem profissionalmente por isso? Um conselho também deve prezar pela Ética e pela garantia da liberdade de expressão e do exercício pleno de um profissional. Aos que pensam diferente: a forca? É assim?
Temos muito que amadurecer e evoluir. A Educação Física está em um momento crucial onde deveríamos aproveitar ao máximo. Mas para isso precisamos de um combustível novo, mais oxigênio, renovação, ideias novas, outras ações e projetos.
Amados colegas, não quero ser nada, na verdade nem gosto de política, desta política, mas vivemos exercendo-a. Não quero cargos, postos, nem fama e poder, pois graças a Deus já os tenho: sou reconhecido e respeitado por todo Brasil, sou espontaneamente convidado por mídias de excelente qualidade, sem nenhuma assessoria de imprensa por trás, talvez pela minha competência e profissionalismo. E o poder que quero ter é o de Deus na minha vida. O Poder da fé, da liberdade de expressão e da comunicação. O Poder e a ousadia das minhas convicções, crenças, ideias e valores. E o dinheiro que quero ter sempre será apenas o suficiente para que me dê a paz. Não fiz Educação Física pensando em ficar rico ou exercer um poder tirano! Mas não consigo ficar passivo sem fazer a minha parte e tentando, cada vez mais, fazer ainda melhor.
Profissionais de Educação Física: paguem suas anuidades (o momento não é de discutir se é caro ou barato, não é essa a discussão principal), na verdade pela minha profissão eu pagaria até mais caro sabendo do bom uso deste dinheiro. Não sejam CONTRA O CREF, o CREF é nosso CONSELHO e foi uma conquista. Sem ele seria muito pior. Não vamos duelar de forma pessoal, mas vamos confrontar ideias e projetos. Vamos exercer nossos direitos de forma legal, responsável e competente.
Faço um pedido encarecido que TODOS votem nesta próxima eleição para o CREF. Sejam justos consigo mesmos. Vasculhem as suas consciências, pensem e repensem, não façam por obrigação. Não façam esperando recompensas, nem para ficar “bem na fita”. Não votem pensando em conseguirem cargos, bicos, cursos para dar, indicações, etc… Não corrompam suas ideias e ideais. E por favor, aqueles que tanto falam mal da situação, que tanto querem mudanças, que tanto vociferam, não se escondam. Há anos eu escuto muitas estórias e ladainhas… MUDEM O DISCO! FAÇAM! Se querem mudar, se são contra, se criticam, se preparem para fazer melhor. Vamos pelo menos tentar fazer e se não for bom que outros possam ter a mesma oportunidade. Só assim a Educação Física poderá ter cada vez mais a chance de evoluir e amadurecer.