Por que a Alemanha foi campeã? Por que o Brasil foi eliminado do jeito que vimos? Essas são perguntas que só têm uma resposta: trabalho! E trabalho sério!
Desde o início acreditamos que poderíamos ganhar o hexa, mesmo os mais descrentes, afinal, “SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO, COM MUITO AMOR!”
Mas, como já disse antes, orgulho não ganha jogo, muito menos Copa do Mundo!
A imprensa nacional noticiou o tempo todo o trabalho de reestruturação do futebol alemão que vinha sendo feito a partir das categorias de base e o resultado já podia ser sentido nas últimas participações em Copa do Mundo. O 4º título mundial era questão de tempo!
Planejamento como base da preparação
Não há dúvidas que o sucesso em campo começa na esfera administrativa. Um bom gerenciamento do time produz resultados positivos dentro e fora de campo: vitórias, patrocínios, parcerias, receitas e mais receitas.
A Seleção Alemã já vinha fazendo isso principalmente a partir das categorias de base e a Alemanha veio para a Copa de 2014 com um time de jovens atletas. Mas jovialidade também não ganha jogo!
Uma das ações foi o desenvolvimento de uma espécie de escola de treinadores, onde, durante cerca de 1 ano eles aprendem a ser verdadeiros detectores e formadores de talento! A filosofia deles é “preparar os candidatos para os cargos em vários campos profissionais do futebol”.
Uma Copa de muitas prorrogações
O atleta de futebol é preparado para os 90 minutos de uma partida de futebol, mas quando participa de uma competição como uma Copa do Mundo, onde a média é de 1 jogo a cada 3 dias, a preparação TEM que ser diferenciada! Se você é louco por futebol, mesmo sendo leigo percebe que os jogadores brasileiros ficam visivelmente esgotados com o calendário do futebol nacional: a média de partidas é, praticamente, a mesma de uma Copa do Mundo, mas a duração dos campeonatos é muito maior! Resultado: lesões atrás de lesões, além da queda do rendimento!
Dos 16 jogos da 2ª fase da Copa de 2014, exatamente metade deles foram decididos, pelo menos, na prorrogação. Isso significa que em uma preparação física planejada para 90 minutos, o atleta jogaria a prorrogação com um déficit de cerca de 30% de seu condicionamento. E o que pudemos ver, realmente, foram jogadores extenuados ao final do período extra.
A preparação ideal do jogador de futebol
O planejamento de um equipe de futebol deve, obrigatoriamente passar pela preparação técnica, tática (estratégica) e psicológica. Negligenciar um desses pilares é jogar com a sorte dentro de campo.
Do ponto de vista técnico, por onde passa a preparação física e dos fundamentos do futebol, a função deve ser exercida por um profissional de Educação Física competente e antenado com as últimas pesquisas científicas nessa área (e são muitas!).
Há quantos anos você assiste a jogadores de futebol se aquecendo com aquela famosa corridinha e um giro de perna lateral? Ou um alongamento estático quando se sabe que outras formas de alongamento são mais eficientes?
Apesar de ser impossível prever quantas prorrogações se jogará em uma Copa do Mundo, deve-se contemplar essa “reserva” física para esses casos. Isso, aliado à estratégia de jogo, vai permitir que os jogadores regulem o seu potencial de atuação em jogos mais fortes ou mais fracos.
Todo atleta, de qualquer modalidade, tem um ciclo de desempenho que começa com uma curva ascendente, chega ao seu pico e declina novamente. Esse desempenho é sazonal (de acordo com o planejamento de treinamento) e o pico de preparação física é estendido dependendo das condições do treinamento.
Como se diz no futebol, a Alemanha estava “sobrando” fisicamente em campo, mesmo jogando em um país com condições climáticas diferentes (muito mais quente) das que estão acostumados a jogar. Reputo isso não somente à preparação física, mas também a uma possível preparação psicológica e tática de jogo. Perceberam que o toque de bola predominou em todos os jogos da Alemanha? E mesmo em jogos mais difíceis a calma predominava na equipe? Ah! E também percebeu que eles eram uma EQUIPE?
E o Brasil?
A Alemanha deu um verdadeiro show de organização nessa Copa, começando pela completa estruturação de seu centro de treinamento na Bahia em tempo recorde e que ficará de legado para o povo daquela região. O técnico Joachim Löw está no cargo há mais de 5 anos e a equipe mesclava jogadores experientes com jovens talentos formados nas categorias de base do futebol alemão. Um time com identidade e personalidade! Tudo o faltou ao Brasil!
A começar pelo caráter internacional do time brasileiro: uma nação que se intitula “o país do futebol” não pode ter em seu elenco apenas 4 jogadores atuando no Brasil! Isso tira a identidade do futebol brasileiro porque, bem ou mal, eles são afetados pela cultura do futebol dos países onde atuam.
O futebol brasileiro só voltará ter identidade e personalidade quando se mudar a forma de administrá-lo. E isso NÃO passa por decisões político-partidárias!
2018 vem aí, será que ficaremos de fora de nossa primeira Copa do Mundo e a Alemanha nos alcançará em títulos? O que você acha?