A mídia e a globalização influenciam sobremaneira a cultura corporal das pessoas. Para corroborar essa questão, citemos o que vem acontecendo gradativamente no continente africano desde o fim do regime de segregação racial conhecido como “Apartheid”.

À época do regime, o modelo de beleza feminina cobiçado pelos homens era da mulher robusta, menos por causa dos músculos à mostra, mais por causa do relativo excesso de gordura, o que demonstrava superioridade em um continente assolado pela fome e assegurava uma suposta segurança da prole. Chegava-se ao ponto de se alimentar à força as adolescentes para que crescessem sendo cobiçada por algum próspero rapaz. Durante muito tempo, mulheres com esse perfil eram consideradas verdadeiras Rainhas Zulu e ainda hoje alguns homens procuram esse tipo de beleza feminina para um futuro matrimônio.

A história passa, porém, por profundas e importantes mudanças.

A mídia influencia o culto ao corpo

Embalados pelos ideais estéticos preconizados globalmente pela imprensa mundial, que são alcançados apenas por um parco número de pessoas, essas mesmas mulheres começam a idealizar modelos de beleza assistidos nas passarelas dos desfiles de moda e ícones como a modelo Naomi Campbell e a atriz Hale Berry passam a ser idealizadas como deusas negras e exemplos de corpos a serem alcançados.

Em meio a essa guerra entre tradição e globalização, doenças antes consideradas “doenças de branco”, como, por exemplo, a anorexia, passam a atingir um número crescente de jovens negras preocupadas em se inserirem no mercado de trabalho e fazerem parte do imaginário masculino.

Um estudo realizado por uma universidade britânica, em conjunto com duas universidades africanas mostra que as meninas negras estão insatisfeitas e sua angústia está diretamente ligada à mudança do desejo dos rapazes, influenciados pela ocidentalização do continente africano.

É preciso, então, sempre tomarmos cuidado com os padrões impostos pela sociedade. A frustração por não conseguirem alcançar padrões estéticos pré-estabelecidos pode levar as pessoas a uma série de complicações físicas e psicológicas e a prática de exercícios, que deveria ser prazerosa e espontânea, assume ares de obrigação e obsessão.

Cabe também aos profissionais de Educação Física o papel de amenizar essa forte influência cultural e deixar que os resultados estéticos apareçam naturalmente e no seu devido tempo, sem levar os praticantes de atividades físicas a frustrações e decepções.