O sedentarismo é um problema mundial de saúde pública. Mesmo pequenos aumentos no nível de atividade física de uma população pode ter impactos muito positivos nas doenças crônicas como o diabetes, cardiopatias, e diversos tipos de câncer. Apesar das evidências que comprovam a eficácia da atividade física regular, os níveis de atividade física na população permanecem baixos e a inatividade ainda prevalece na maioria dos indivíduos. Intervenções comportamentais são bem sucedidas em aumentar os níveis de atividade física, mas essas intervenções são onerosas e precisam de profissionais especializados para operar essas mudanças.
Os aplicativos de fitness, presentes nos smartphones e tablets, crescem a cada dia e prometem entregar programas individualizados de treinamento. No entanto, pouco se sabe no que esses aplicativos se diferenciam uns dos outros, todas as opções que eles oferecem e como essas opções podem afetar sua eficácia. O baixo custo, amplo alcance e aparente eficácia desses aplicativos tornam eles atraentes, mas o crescente número de opções disponíveis em cada um deles dificulta os profissionais a ajudarem na orientação dos treinos.
Um estudo publicado no Journal of Medical Internet Research investigou, sistematicamente, alguns aplicativos atualmente disponíveis no mercado, com o objetivo de:
- Caracterizar as suas “técnicas” de mudança de comportamento.
- Determinar até que ponto esses aplicativos incluem técnicas associadas a resultados de sucesso.
- Comparar a aplicação de diversas dessas técnicas às recomendações baseadas em evidências científicas.
Os pesquisadores testaram 13 aplicativos diferentes durante uma semana. Todos eles mensuravam a atividade física e davam algum tipo de feedback. O estudo identificou 93 técnicas de mudança de comportamento como o auto-monitoramento, feedback, estabelecimento de metas, comparação com outros usuários, dicas e recompensas. Entretanto, resolução de problemas, planejamento de ações, compromisso, instruções sobre como desenvolver o comportamento e a prática desses comportamentos eram raros. Muitas dessas técnicas estão associadas a casos de sucesso com a atividade física (perda de peso, por exemplo) e a implementação da maioria delas está de acordo com recomendações baseadas em evidências científicas.
Muitas perguntas, porém, ainda permanecem sem resposta
- Como se pode monitorar aplicativos que são constantemente atualizados?
- Qual é o impacto dos dados compartilhados na privacidade de cada um?
- O quão eficaz são esses aplicativos comparados às intervenções personalizadas com a presença do profissional?
- Qual o impacto da falta de supervisão profissional?
Este estudo fornece informações preliminares sobre a extensão e tipo de aplicação dessas técnicas, formando uma base para aplicações clínicas, de saúde pública e de reabilitação. Apensa pesquisas com seres humanos podem investigar hipóteses relacionadas à viabilidade, aceitabilidade e eficácia.
Você pode acessar o artigo “Behavior Change Techniques Implemented in Electronic Lifestyle Activity Monitors: A Systematic Content Analysis” completo no site do Pubmed.