A proximidade da Copa do Mundo de 2014 (1 ano e 8 meses) e das Olimpíadas de 2016 (3 anos e 8 meses) – na época da publicação dessa postagem (novembro/2012) – assusta qualquer cidadão brasileiro, com as ameaças de não se conseguir dar conta das obras de infraestrutura necessárias para a realização dos eventos. Apesar do ministro do Esporte Aldo Rebelo ter afirmado que “Copa do Mundo não tem mistério, só vamos ter que trabalhar muito”, não é assim que a população percebe o que vem rondando os preparativos: atrasos nas obras, críticas internacionais, superfaturamento etc. Mais de 40% das obras previstas para a Copa ainda estão no papel.
Umas das maiores preocupações do atual ministro é a questão das telecomunicações: para ele, a transmissão dos jogos, atualmente, deixa a desejar para os padrões internacionais. A cabo disso vêm os projetos para os sistemas de banda larga e de 4G que ainda não estão implantados e são fundamentais para a transmissão de dados em tempo real para todo o mundo.
O maior legado será “espiritual e afetivo”
A mobilidade urbana, principalmente na questão dos aeroportos, é outro calcanhar de Aquiles do ministro. Segundo ele, todos os aeroportos terão capacidade de suportar o fluxo de passageiros, desde que haja uma racionalização dos pousos e decolagens que, atualmente, existe uma concentração de voos em determinados horários. Os projetos de metrô e veículo leve sobre trilhos (VLT) de muitas cidades que já estavam no papel há anos, terão que ser executados a tempo dos eventos.
Com 60% do território brasileiro coberto pela região Amazônica, seria inaceitável excluir essa região do roteiro da Copa do Mundo, na opinião do ministro. Apesar de se pensar que a construção de estádios em locais com Manaus e Cuiabá podem virar “elefantes brancos”, ele diz que a construção dos estádios está seguindo padrões internacionais de utilização dos espaços para outros fins, como verdadeiras arenas multiuso, permitindo que grandes eventos sejam realizados fora do eixo Rio-São Paulo.
Na área de ciência e tecnologia, diversas pesquisas estão sendo feitas com foco nesses grandes eventos, o que deixará um legado tecnológico para o país, além dos prêmios que vários projetos de sustentabilidade têm recebido. Porém, segundo o ministro, o maior legado será “espiritual e afetivo”.
Torcedor comum não assistirá aos jogos da Copa do Mundo
A elitização do futebol e a falta de interesse do público pela Seleção Brasileira, que está exposta a jogos com interesse comercial e contra adversários pequenos, diminui o sentimento nacionalista dos torcedores, mas o ministro acha que isso deve mudar durante a Copa do Mundo. Apesar disso, ele tem certeza que o torcedor comum não conseguirá assistir aos jogos nos estádios por conta da necessidade de se distribuir ingressos para torcedores do mundo todo.
Um acordo entre o Ministério do Esporte e o Ministério da Justiça irá coibir a violência das torcidas organizadas, com a colocação de câmeras nos estádios e o monitoramento das torcidas que utilizam a internet para marcação de confrontos, acabando com a impunidade que ronda as brigas de torcidas.
Para evitar erros cometidos em outras cidades-sede dos Jogos Olímpicos, o governo brasileiro firmou um acordo com Pequim e Londres para troca de informações principalmente sobre transportes, telecomunicações e segurança. O ministro acha que a política para desenvolvimento do esporte de alto rendimento já melhorou muito com a criação da Lei Agnelo Piva, que aumentou os repasses de recursos para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e para as confederações (essas necessitam de mudanças urgentes, democratizando e profissionalizando a direção dessas entidades), além da Lei de Incentivo ao Esporte, que através da renúncia fiscal, beneficiou muito a prática esportiva.
Parceria com Ministério irá melhorar a Educação Física escolar
A promessa é que o Brasil atinja uma colocação no quadro de medalhas condizente com sua posição de anfitrião dos jogos. Para isso, diversos equipamentos serão construídos não apenas no Rio de Janeiro, mas em todos os Estados da federação, de acordo com a afinidade com as diversas modalidades esportivas. Apesar do Plano Brasil Medalha, Aldo Rebelo diz que existe um atraso histórico no esporte brasileiro que não pode ser revertido em quatro anos, mas, mesmo assim, ainda é possível aprimorar o desempenho olímpico em relação a Londres.
Para incentivar o esporte de base, o ministro diz que o Ministério do Esporte está trabalhando em conjunto com o Ministério da Educação para criar um espírito competitivo nas aulas de Educação Física que crie valor para o esporte de alto rendimento, fazendo “uma política nacional com base no aprendizado esportivo fornecido pela escola”.
O texto acima foi escrito baseado nas entrevistas concedidas à revista Veja, de 19 de setembro de 2012 e ao jornal Brasil Econômico de 31 de outubro de 2012. Os links são para a transcrição das mesmas em sua íntegra no site do Ministério do Esporte.