O britânico Charles Miller inventou o futebol e o Brasil se encarregou de popularizá-lo. Isso é fato! Talvez por isso e por causa do futebol-arte que sempre apresentou, ganhamos o título de país do futebol. A própria imprensa internacional reconhece isso! Mas parece que passamos a viver de história…
O que aconteceu na semifinal Brasil e Alemanha NÃO é inexplicável e NÃO era previsível. Sim, poderíamos ter avançado às finais e chegado ao hexa! Todos acreditavam! Aliás, se o Brasil jogasse o futebol medíocre que jogou (no sentido “mediano”, na melhor das hipóteses) e chegasse ao hexa, o país estaria em festa, e tudo estaria bem… Mas perdemos… Somos criados para ganhar e não sabemos lidar com o caminho para a vitória, que muitas vezes é triunfante!
É latente a falta de organização do futebol brasileiro, e tenho dito isso sempre nas redes sociais. Talento não ganha jogo. Falta de estratégia não ganha jogo. Hino Nacional não ganha jogo. Tradição não ganha jogo. O que ganha jogo é gerenciamento, preparação, ciência (sim, ciência, como a Seleção da Alemanha tem feito) , bom senso e – por que não? – um pouco de ousadia. Afinal, só sendo ousado para colocar o 2º goleiro reserva a 2 minutos do final do jogo apenas para a disputa de pênaltis, não é?
Não, não é inexplicável! A Seleção da Alemanha se prepara com o mesmo técnico e o mesmo time há, pelo menos, 5 anos! O Brasil faz um constante rodízio de técnicos, que muitas vezes voltam depois de algum tempo – se era bom, porque saiu? A Seleção, há muito tempo perdeu sua identidade – dos 23 convocados, apenas 3 jogam no Brasil. A cultura do jogo, certamente sofre influência de outras culturas e o tempo de preparação é praticamente inócuo para se implantar a CULTURA de um futebol essencialmente tupiniquim que tanto encantou o mundo.
O inferno de Dante e o esquema tático de Felipão
Toda equipe esportiva tem uma tática para jogar, mas qualquer que tenha sido o esquema tático escolhido por Felipão, a impressão que se tinha era de que os jogadores jogavam a bola pra frente com o famoso “chutão” para tentar aproveitar o talento individual de algum jogador. Parece, também, que o técnico brasileiro não tinha um plano B para os resultados adversos dentro de campo e, apesar de ter declarado que era impossível mudar alguma coisa durante aqueles desastrosos 6 minutos do jogo contra a Alemanha, alguma coisa tinha que ser feita! Se você teve a oportunidade de assistir a algum jogo do Brasil dentro do estádio, uma visão global do campo mostrava, claramente, o buraco que havia no meio campo do Brasil! E não adianta ficar irritado, tentando justificar, Felipão!
Apesar de ter sido o melhor resultado do Brasil em Copas do Mundo desde 2002, o resultado não poderia ter sido tão vexatório! Neymar e Thiago Silva fizeram falta? Sinceramente, não acho! Um time não pode depender de um ou dois jogadores e quando isso é pregado abertamente, o adversário pode usar isso a favor dele, como foi o caso da Alemanha, que sabia da comoção causada pela ausência dos dois jogadores e como a Seleção Brasileira estaria fragilizada técnica, tática e psicologicamente por causa disso. Isso também é estratégia!
Daniel Alves e Lukas Podolski
Sempre digo que o atleta precisa ter comportamento exemplar dentro e fora de campo. Mas quando um comportamento agressivo já parte do empresário de um jogador, isso passa a ser preocupante. E parece que, até nisso, a Alemanha saiu na frente. Veja as declarações de dois jogadores de Brasil e Alemanha:
“Eu quero aproveitar esse momento duro, difícil, complicado para todos nós que escolhemos o futebol como profissão e que fomos escolhidos, para representar nosso país, nessa copa do mundo. Gostaria de dizer que, Para mim poder compartilhar todos esse tempo com vocês foi prazer inigualável, sei que um monte de babacas vão fazer chacota, sei que um monte de perdedores do jogo mais importante do mundo, que é o da vida, vão se alegrar por isso, mas, gostaria de dizer publicamente que vocês são fodas, que sou um privilegiado de formar parte desse grupo, que vocês são os melhores, que vocês são campeões, onde todos esses babacas nunca serão, pois vocês se superaram e conseguiram vencer na vida, vocês hoje são respeitados, aqui pode que não, mas, no resto do mundo tenho certeza que sim. Dias ruins, vem nas nossas vidas, para aprendermos a valorizar os dias bons de uma maneira que somente quando temos os dias ruins nos damos conta disso!” (Daniel Alves, em seu Instagram)
“Respeite a AMARELINHA com sua história e tradição, o mundo do futebol deve muito ao futebol brasileiro, que é e sempre será o país do futebol. A vitória é consequência do trabalho, viemos determinados, todos nós crescemos vendo o Brasil jogar, nossos heróis que nos inspiraram são todos daqui. Brigas nas ruas, confusões, protestos não irão resolver nada ou mudar nada, quando a Copa acabar e nós formos embora, tudo voltará ao normal. Então, muita paz e amor para esse povo maravilhoso. Um povo humilde, batalhador e honesto. Um país que aprendi a amar”. (Lukas Podolski, em seu Instagram)
A solução para os problemas do futebol brasileiro
A solução é uma só: a completa reestruturação da ADMINISTRAÇÃO em nível de clubes e da CBF para que isso se reflita dentro de campo. Já falo isso há muito tempo, o baixinho Romário desabafou isso após a derrota pra Alemanha e o professor Felipe Goulart faz uma excelente análise do ponto de vista da Educação Física.
Rir pra não chorar
Apesar de tudo o que aconteceu, não é o brasileiro que sai perdendo: é o FUTEBOL brasileiro! Mesmo com toda a corrupção (que deve ser combatida), superfaturamentos de estádios e tudo o mais que foi criticado durante a preparação para a Copa 2014, não há como negar que o Brasil fez uma Copa impecável do ponto de vista da organização. Infelizmente, em campo, a equipe (tivemos uma equipe?) não correspondeu a isso.
Restou a alguns brasileiros, então, rir da situação e levar com bom humor a goleada da Alemanha. Afinal, a vida continua, né?