Com o advento do conceito de wellness, que prima por uma melhor qualidade de vida através da atividade física, em substituição ao fitness – que era mais voltado para a construção de uma estética corporal seguindo padrões sociais pré-estabelecidos, verifica-se, cada vez mais, o aumento do número de pessoas que procuram as academias para se engajarem em um programa de exercícios visando uma melhor qualidade de vida ou a reabilitação/prevenção de doenças. Com esse novo universo de pessoas que inclui idosos, cardiopatas, hipertensos, obesos, dentre outras pessoas com as mais variadas patologias, que aos poucos se conscientizam da importância da atividade física, é imprescindível um cuidado maior antes de se iniciar uma atividade física e durante a realização da mesma.
Para auxiliar esse profissional nessa triagem prévia e na prescrição do programa mais adequado para cada indivíduo, ele pode se valer de uma ferramenta de trabalho chamada Avaliação Física ou Funcional. Esta ferramenta permite a mensuração do grau mínimo de aptidão física das pessoas em termos de força e flexibilidade, além de registrar os valores do percentual de gordura corporal e do diâmetro de diversos segmentos corporais que permitem ao aluno, em avaliações posteriores, acompanhar o seu progresso. Além disso, aspectos do histórico médico do cliente e de seus familiares podem ser avaliados.
Todavia, apesar da importância desse procedimento, nem todos os profissionais possuem uma visão mais aprofundada dele e, por não saberem avaliar ou interpretar e utilizar os resultados contidos em uma avaliação funcional, talvez releguem a segundo plano esse procedimento técnico.
Tal fato ocorre por diversas razões, dentre as quais podemos destacar as seguintes:
- Medir é diferente de avaliar: todo profissional de Educação Física tem, dentro de suas competências técnicas, capacidade de realizar uma Avaliação Funcional, no que respeita ao ato de mensurar os mais diversos parâmetros da performance humana. Contudo, uma simples medição, realizada de forma rápida e fria, sem interação professor-aluno, torna-se enfadonha tanto para o aluno quanto para o profissional que realiza o mesmo procedimento repetidas vezes ao longo do dia. Há que se fazer, além das mais diversas mensurações intrínsecas nesse procedimento, uma avaliação do quadro apresentado pelo aluno, analisando-se (e não apenas registrando) seus hábitos da vida diária, seus resultados e tantas outras informações quanto forem possíveis de ser coletadas. Esse procedimento, mais subjetivo em sua essência, não se aprende nos bancos universitários, porém, deve fazer parte da competência profissional.
- Análise dos resultados: esse procedimento é extremamente subjetivo e muito dependente da vivência profissional de cada um. A partir dessas vivências e análise dos resultados obtidos durante a avaliação funcional é possível prescrever exercícios mais específicos e, conseqüentemente, mais eficazes.
- Retorno financeiro: muitos profissionais não visualizam que o setor de avaliação funcional é um dos mais rentáveis para o profissional de Educação Física. Além disso, a interação professor-aluno é muito maior, o que permite, muitas vezes, contatos profissionais dentro e fora dos limites da academia.
- Utilidade da avaliação funcional: muitos alunos não sabem qual a utilidade de uma avaliação funcional. “Quando estiver mais magro vou fazer uma reavaliação física” é um comentário comumente ouvido dos alunos quando solicitados a se reavaliarem periodicamente. Nesse ponto, o profissional de Educação Física deve ser o agente modificador desse paradigma na cultura das academias, mostrando que a avaliação física serve de ponto de partida para um treinamento eficaz. Muitos deles nada fazem para mudar essa mentalidade, certamente por falta de argumentos que convençam essas pessoas.
Na velocidade que as pessoas vivem nesse nosso mundo globalizado, urge que tomemos medidas para acelerar e otimizar o atingimento dos objetivos de cada um, uma vez que isso reflete diretamente na taxa de retenção da academia.
Sendo assim, a capacitação de profissionais em Avaliação Física – não apenas a capacitação técnica, mas também o desenvolvimento e aperfeiçoamento de outras habilidades necessárias a esse serviço – refletirá diretamente na satisfação e na retenção de clientes, uma vez que a visualização dos resultados obtidos motiva e estimula a continuidade do treinamento.