Essa é a pergunta que tenho feito ao longo de minha vivência em academias e que ainda não tenho uma resposta unânime daquelas pessoas que acham que esse é o melhor ergômetro para se exercitar. Algumas dizem que só assim se emagrece, outras reclamam do desconforto dos outros aparelhos e por aí as respostas vão aparecendo sem se saber exatamente porque só se utiliza a esteira enquanto os outros aparelhos permanecem ociosos. Quando se observa o lado financeiro, o investimento feito pelo proprietário da academia é visivelmente voltado para a aquisição treinamento aeróbios. Mas… Por quê? Para responder essa pergunta, conduzi uma pesquisa que pudesse comprovar ou não que a esteira é o melhor aparelho para auxiliar no processo de queima calórica e conseqüente diminuição do percentual de gordura. O estudo ocorreu da seguinte forma:
Foram selecionados quatro ergômetros – esteira, bicicleta horizontal, bicicleta vertical e transport. As pessoas que participaram deste experimento foram divididas em dois grupos: pessoas treinadas e pessoas destreinadas. A partir daí foram escolhidos protocolos específicos para cada aparelho de modo que em todos eles as pessoas atingissem a mesma intensidade do exercício. Foram estipulados dois patamares – 70 e 85% da frequência cardíaca máxima – e, ao atingirem essas intensidades era-lhes perguntado sobre a percepção que tinham do esforço realizado, ou seja, o quanto elas se sentiam cansadas realizando aquela atividade naquela intensidade. Para isso foi utilizada uma escala de percepção de esforço, a Escala de Borg, para avaliação do esforço em exercícios físicos. Resultados do estudo: as pessoas destreinadas, aquelas que estavam há mais de seis meses sem praticarem atividades aeróbias, sentiram-se menos “cansadas” no transport e as pessoas treinadas sentiram-se menos “cansadas” na bicicleta vertical. Em outras palavras, o transport para pessoas destreinadas e a bicicleta vertical para pessoas treinadas seriam os mais apropriados para permitirem uma maior intensidade do exercício com uma menor sensação de cansaço de acordo com esse estudo. E onde está a esteira no final da estória?
Ao se igualar as intensidades dos exercícios nos diversos aparelhos estudados observou-se que era extremamente extenuante chegar a essas intensidades na esteira, na maioria das vezes por fadiga periférica (a musculatura “cansa” antes que o “fôlego” acabe). As pessoas estão caminhando e correndo nas esteiras em academias a uma intensidade abaixo da ideal e, assim, ficam insatisfeitas com o não-atingimento de seus objetivos, que em sua maioria passam pela redução do percentual de gordura e poderíamos afirmar que “caminhar engorda”.
Embora esse estudo tenha sido realizado apenas com mulheres e com um número relativamente baixo de pessoas, os resultados foram extremamente consistentes.
Há, então, que se rever estratégias de prescrição de exercícios e estratégias de compras de equipamentos e, ainda, provocar uma mudança do paradigma de que “só esteira emagrece”. Cabe aos profissionais de Educação Física orientar os alunos e selecionar o melhor treinamento para cada um, respeitando as individualidades e baseando seus trabalhos nas mais recentes evidências científicas.
Acesse aqui a íntegra do estudo realizado.